domingo, 4 de outubro de 2009

FUTURISMO EM FORTALEZA

Hoje ao abrir o jornal Diário do Nordeste, especificamente o caderno 3, me deparei com uma matéria sobre os 100 anos do Futurismo, que teve seu primeiro manifesto publicado oficialmente no dia 20 de fevereiro de 1909, com esta inspiração do acaso resolvi postar hoje informações sobre o Futurismo no Ceará.

Como este tema já me é familiar (apresentei seminário sobre esta vanguarda na aula da professora Sanches) sabia que este movimento não teve muita persuasão no Brasil, muito menos no Ceará, mas foi dele que surgiu o modernismo, no Brasil a Semana de Arte Moderna, também chamada de Semana de 22, ocorreu em São Paulo no ano de 1922, de 11 a 18 de fevereiro, no Teatro Municipal.

Entre estes modernistas encontrei Antônio Bandeira (Fortaleza, 1922 — Paris, 1967)que foi um dos pintores e desenhistas brasileiros modernistas.


É um dos mais valorizados pintores brasileiros, e tem obras nas maiores coleções particulares e museus do Brasil e do mundo.

Junto com Aldemir Martins, Inimá de Paula e outros, fez parte do Movimento Modernista de Fortaleza, nos anos 1940.

Renomeado mestre da pintura abstrata brasileira - e também mestre das aquarelas -, viveu grande parte de sua vida na França. Conviveu com os pintores da tradicional École de Paris, integrando-se a eles plenamente até seu retorno ao Brasil em 1960.

Faleceu em Paris, em conseqüência de um choque pós-operatório numa prosaica operação de extração de amígdalas.

LETRAS E REBELDIA


A década de 20 é o marco do primeiro Modernismo no Ceará, com a publicação do livro O Canto Novo da Raça, em 27. A criação do jornal O POVO em 28, por Demócrito Rocha, estimula a produção de poetas modernistas

Em 1922, o Brasil comemorava seu centenário da Independência. Enquanto São Paulo celebrava sua Semana de Arte Moderna, o centenário deixava testemunhos materiais em Fortaleza, entre eles, o monumento do Cristo Redentor - em frente ao Seminário da Prainha - e o lançamento da Antologia do Centenário, com foco nos "medalhões" da literatura cearense, como Rodolfo Teófilo, Antônio Sales e Juvenal Galeno. "Os jovens da época se revoltaram e fizeram a Antologia dos Novos, com Jáder de Carvalho e outros escritores de 20 e poucos anos", afirma o professor de Literatura da Unifor, Batista de Lima. Em 1924, Demócrito Rocha dirige a revista Ceará Ilustrado, que causa rebuliço na cultura cearense, com espaço para "literatura, artes e mundanismo" como indicava seu subtítulo. "A revista trazia fotos de crianças e moças de boas famílias, além de contos, novelas e poesias. Era o início da construção de um espaço letrado, chegando a promover até mesmo concurso para a escolha do príncipe dos poetas cearenses, que ficou com Padre Antônio Tomás", pontua o historiador Antônio Luiz Macedo e Silva Filho.

De acordo com o escritor e memorialista Alberto S. Galeno, em A Praça e O POVO (Stylus Comunicações, 1991), os poetas costumavam freqüentar os cafés da Praça do Ferreira, principalmente na movimentada esquina da Rua Palma (Major Facundo) com a Travessa Municipal (Guilherme Rocha), onde havia, à esquerda, o elegante café e restaurante Maison Art Nouveau e, à direita, o Café Riche. "Era lá onde os menestréis maiores do Ceará reuniam-se para declamar seus versos de ouro, enchendo o ambiente de ritmos e de magnificiência", diz Galeno. Com os versos de Laus Purissimae, do poeta Mário da Silveira (1899-1921), a literatura cearense começava a preparar o terreno para o Modernismo. "Esse poema de Mário da Silveira apresentava não só a polimetria - mistura de vários versos - mas também versos livres", explica Sânzio de Azevedo, professor do Departamento de Literatura da UFC.

No entanto, o Modernismo no Ceará só chega efetivamente em 1927, com o livro O Canto Novo da Raça, editado pela tipografia Urânia, que também publicaria em 1930, O Quinze, de Rachel de Queiroz. O Canto Novo da Raça traz poesias modernistas de Jáder de Carvalho, Franklin Nascimento, Sidney Neto e Mozart Firmeza. "Livrinho mais horizontal que vertical, sem numeração das suas quarentas páginas. Na capa, a dedicatória, não a Guilherme de Almeida, o arauto paulista da nova estética, mas a um poeta do Rio de Janeiro: 'Homenagem a Ronald de Carvalho'", comenta Sânzio, em O Modernismo na Poesia Cearense (Secult, 1995).

O primeiro Modernismo cearense distinguia-se daquele da Semana de 22. "A nota regional impressiona os poetas do Ceará. O que caracteriza nosso Modernismo é o telurismo. Em O Canto Novo da Raça, misturam-se tendências regionalistas, com Jáder de Carvalho; patriotismo, com Sidney Neto; traços de futurismo, com Franklin Nascimento; e penumbrismo, com Mozart Firmeza", afirma Sânzio. Nas edições de 7 e 8 de fevereiro de 1928 do jornal A Esquerda, Jáder de Carvalho comenta sobre a crítica feita pelo escritor carioca Alceu Amoroso Lima, o Tristão de Atahyde, acerca de O Canto Novo da Raça. "Eu dizia há pouco que acima de Pernambuco, o Norte andava calado. Chegam-nos agora essas vozes novas lá da terra de Iracema, que no século passado sempre esteve entre os da frente", animava Tristão (Camila Vieira).


O POVO E O MODERNISMO

Outro passo importante para a intensificação do Modernismo no Ceará foi a fundação do jornal O POVO por Demócrito Rocha, em 7 de janeiro de 1928. Com sua página intitulada Modernistas e Passadistas, o jornal apresentava poesias dos principais nomes do movimento na época: Mário Sobreira de Andrade, o Mário de Andrade (do Norte); Filgueiras Lima; Edigar de Alencar (já radicado no Rio de Janeiro); Heitor Marçal; Rachel de Queiroz (que assinava como Rita de Queluz); Antônio Garrido (pseudônimo de Demócrito Rocha); Mozart Firmeza (Pereira Júnior); Martins d'Alvarez e outros vanguardistas. É na edição de 7 de janeiro de 1929 de O POVO, que Demócrito publica seu célebre poema modernista, O rio Jaguaribe é uma artéria aberta.
Para marcar ainda mais seu posicionamento modernista, O POVO agrega a partir de 1929 o suplemento literário Maracajá, que circulou apenas em dois domingos, mas foi suficiente para aglutinar o que havia de melhor na produção literária modernista cearense. "Destinava-se Maracajá a pregar o modernismo pelas terras nordestinas, e nele todos nós desferimos vôo, convencidos de que fazer modernismo era escrever regionalismo, com grande gasto de índios, antas, cocares e mais brasilidades, em frases de três palavras. Sei que tivemos a glória insigne de nos ver lidos e comentados por alguns dos grandes do Rio e São Paulo - para nós, então, as duas metades inacessíveis do Paraíso", comentou Rachel de Queiroz, citada por Sânzio de Azevedo (O Modernismo na Poesia Cearense).

Os poetas não poupavam referências ao Brasil rústico e selvagem. No mesmo ano, Demócrito escreve em O POVO: "O modernismo que eu entendo é esse que nós fazemos: modernismo nacional, saturado de tudo quanto é nosso, original, sugestivo, impressionante..." Além de Maracajá, a publicação Cipó de Fogo - em 27 de setembro de 1931 - exerceu importância na divulgação do Modernismo cearense, embora não tivesse passado do primeiro número. Na opinião de Filgueiras Lima, citado por Sânzio (O Modernismo na Poesia Cearense), Cipó de Fogo "evidenciou a última grande atitude do modernismo no Ceará, na sua fase primeira, inegavelmente a mais fecunda e mais brilhante" (CV).